Poeta: sujeito que costuma comparecer aos próprios desencontros.

Manoel de Barros


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Esconderijo seguro é barriga de mãe




"Esconderijo seguro é barriga de mãe"

Bianca Becker
2011
técnica: dedo no touchpad


*

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Receita adulta


Corra apressado pra não sobrar nenhum tempo.
Trabalhe demais pra não ter que pensar.
Elimine problemas. Responda perguntas.
Desvie do espelho pra não se encarar.

Vire mais rápido as páginas do livro.
Insista nas tais decisões racionais.
Negue afetos. Aborte atitudes.
Não deixe ninguém à espera no cais.

Não ligue, escreva ou mande notícia.
Deixe o tempo passar por você.
Seja sensato. Desista. Respire.
Faça de conta que pode esquecer.

E se o escuro da noite insistir na cobrança
Do que não viveu e escolheu não sentir
Apague os momentos de sua memória
Poemas, mensagens, pessoas, histórias.
Desligue a luz, e tente dormir.


                 
                     *

terça-feira, 19 de julho de 2011

1 + 1



1 + 1
Bianca Becker
2011

técnica: dedo no touchpad


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sábado, 16 de julho de 2011

Despedida



Por respeito.
Por carinho.
Por irmandade.
Voa.





terça-feira, 12 de julho de 2011

Suspiro


O sol encontrou um suspiro de tempo pra dividir o mesmo céu com a lua. Só um suspiro. E tudo voltou a rodar. O sol voltou para o dia. A lua voltou para a noite. Assim nasceu o universo. Entre a partida e a chegada; um suspiro de tempo. 



sábado, 9 de julho de 2011

Primeira Lição



Atenta, a menina que queria dançar, 
ouviu sua primeira lição; 
Saber cair sem culpar ninguém 
e confiar em seus próprios pés para levantar. 



segunda-feira, 4 de julho de 2011

Dois pássaros



Eram dois pássaros. 
O medo de partir e o medo de ficar.
Um dia se reconheceram e se assustaram. 
Um se viu no sonho do outro.
E o mundo nunca mais girou igual.




sábado, 2 de julho de 2011

Sobre príncipes e confusões


Sou filha de uma geração que acreditava. Esperei pelo príncipe, seu cavalo branco, algumas promessas de amor e um final feliz. Cresci confundindo homens e príncipes; palavras bonitas e promessas de amor. Acreditava que finais podiam ser felizes; cresci confundindo os sinais. Hoje olho para os cavalos brancos e eles estão sós. Nem príncipe, nem promessa de amor, nem final feliz. Apenas uma insistente espera; um livro fechado e a certeza de que homens, palavras bonitas e cavalos brancos, estes sim, existem. Mas quase nada entendem de amor...