Poeta: sujeito que costuma comparecer aos próprios desencontros.

Manoel de Barros


sábado, 25 de junho de 2011

俳句 - haikai


ENTRE A CRUZ E A ESPADA;
A ESTRADA.


...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O homem e as borboletas



Dizem que colecionava afetos como quem colecio­­­­­­­­na borboletas em potes de vidro. Sabia as palavras, os sorrisos e os olhares. Gesto perfeito, borboleta no pote. Dizem que era feliz... Morreu só; olhando o mar. Cercado de borboletas coloridas. Mas com a cadeira ao lado vazia.




terça-feira, 21 de junho de 2011

vai encarar ?


 “O olho é a janela da alma, o espelho do mundo” 
(Leonardo da Vinci)


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Das regras do jogo: o impedimento



Não. Impedimento não é somente a décima primeira regra do jogo. É mais. Muito mais que um jogador mais próximo ao gol contrário do que a bola e o penúltimo adversário. Mais que uma imagem, de milímetros medidos por tira-teima. Mais do que horas polêmicas na mesa de bar, de comentários especializados se foi ou não foi, se a zaga dava condição, ou se o atacante participava mesmo da jogada... Mais que uma posição, o impedimento é um lugar. O lugar aonde não se vai, no instante em que não se pode ir. Justamente porque sua presença lá seria injusta, indefensável. Impedimento é um não. Não avance. Não entre. Não prossiga. É uma placa dizendo: Pare, respire e espere a defesa do outro chegar. Porque você é ataque agora, mas certamente será atacado em segundos. Mais do que uma regra discutível entre meninos e cerveja, o impedimento é um pacto. Um acordo entre guerreiros, de que só se avança até onde ambos concordarem existir jogo.


sábado, 18 de junho de 2011

Nudez

Um dia,  perguntou ao espelho o que ele achou de seus escritos. 
Ele precisou respirar antes de responder.
Havia lido sua alma...


Balthus, Nu Diante do Espelho, óleo, 1955

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A coleção do caçador



Cabeça de caça na parede. Mais uma história pra contar. Corria para o velho caderno e fazia um risquinho. Orgulhoso, expunha a arma, chamava os amigos, brindava a bravura; e por longos instantes era feliz. Mas quando a noite chegava, sozinho, voltava a lembrar que ele próprio, também era mais um risquinho no caderno de alguém. Calado, recolhia a festa, trancava a porta, deitava na cama, fechava os olhos. E não dormia.



segunda-feira, 13 de junho de 2011

ESPELHO


No dia seguinte, tudo amanheceu igual.
O sol, o céu, as coisas.
Menos ela.
E seu espelho sabia.
Impossível sair isento
de um encontro consigo mesmo.




*

quinta-feira, 2 de junho de 2011

ALGO

Há algum motivo para as coisas acontecerem desse jeito. 
Arrastado. Enrolado. Demora, vai, volta, para, volta, vai... 
Como um alerta urgente pra parar o movimento, um pedido de respiração.
Mesmo que a vida continue avançando e atropelando tudo pela frente,
seguimos parados aqui, as vezes doidos pra partir junto com essa bagunça.
Com todas as decisões urgentes que nos aguardam sentença.
Mas uma corda nos envolve no tempo presente e nos impede de seguir mais rápido.
Amarrados aqui e agora, nos vemos obrigados a deixar as ondas continuarem seu rumo.  
Mesmo quebrando sobre nossas cabeças. Mesmo tirando nossa paz.
Impedindo nosso sono adulto, ainda que  intranqüilo, cansado e já sem sonhos.
Há algo que sopra nos ouvidos dizendo: Fica.
Talvez algo que deixamos no caminho enquanto corríamos atrás do tempo em busca do amanhã.
Algum pedaço de vida que deixamos no passado e esquecemos de olhar.
Algum detalhe do cenário, uma flor, um pôr do sol, uma dor, uma imagem.
Por mais que os ponteiros girem alucinados, 
por mais que nossa pressa nos traga desespero por não seguirmos correndo, 
Persiste algo que nos segura aqui e pede pra ser notado.
Talvez seja hora de se fechar os olhos,
e olhar.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

NA DIVISA


VIVENDO O MOMENTO EXATO
ENTRE ONTEM E AMANHÃ.
NA DIVISA 
O ANTES, O DEPOIS,
E O ENCONTRO.




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