O poeta é uma criança com uma lupa na mão.
De vez em quando, suspende o tempo com os dedos,
destaca um pedaço do mundo, e diz: olha!
*
Gabriela faz poesia.
Queria conhecer a morte
pra poder lembrar de tudo.
Queria ser cobra, pássaro, gato;
Queria se transformar no mundo.
Queria se transformar no mundo.
Recentemente, sentiu um tum tum tum batendo na testa.
Concluiu que tem outro coração morando por lá.
Hoje vive com dois corações em sua poesia.
Ana faz poesia.
Sabe que o tempo caminha as idades,
sabe que feridas se curam,
e sabe doer sem ter que sangrar.
Recentemente, me ensinou a ser poeta;
Chamou pra olhar a lua,
segurou na minha mão
e não disse uma palavra.
Ainda hoje, a lua sente o seu silêncio.
*
O poeta é uma criança curiosa.
Segura o giro do mundo,
Segura o giro do mundo,
e nos sacode dessa adultice
...
...
E levanta uma poeira danada...
De tanta coisa parada...
Que só mesmo uma criança
teria força de tocar.
teria força de tocar.
*
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