Poeta: sujeito que costuma comparecer aos próprios desencontros.

Manoel de Barros


quinta-feira, 2 de junho de 2011

ALGO

Há algum motivo para as coisas acontecerem desse jeito. 
Arrastado. Enrolado. Demora, vai, volta, para, volta, vai... 
Como um alerta urgente pra parar o movimento, um pedido de respiração.
Mesmo que a vida continue avançando e atropelando tudo pela frente,
seguimos parados aqui, as vezes doidos pra partir junto com essa bagunça.
Com todas as decisões urgentes que nos aguardam sentença.
Mas uma corda nos envolve no tempo presente e nos impede de seguir mais rápido.
Amarrados aqui e agora, nos vemos obrigados a deixar as ondas continuarem seu rumo.  
Mesmo quebrando sobre nossas cabeças. Mesmo tirando nossa paz.
Impedindo nosso sono adulto, ainda que  intranqüilo, cansado e já sem sonhos.
Há algo que sopra nos ouvidos dizendo: Fica.
Talvez algo que deixamos no caminho enquanto corríamos atrás do tempo em busca do amanhã.
Algum pedaço de vida que deixamos no passado e esquecemos de olhar.
Algum detalhe do cenário, uma flor, um pôr do sol, uma dor, uma imagem.
Por mais que os ponteiros girem alucinados, 
por mais que nossa pressa nos traga desespero por não seguirmos correndo, 
Persiste algo que nos segura aqui e pede pra ser notado.
Talvez seja hora de se fechar os olhos,
e olhar.


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