Poeta: sujeito que costuma comparecer aos próprios desencontros.

Manoel de Barros


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Bicho Homem


(Mauricio Baia/Xina)

Máquinas de guerra e indumentária
Pra vestir o caçador que, em vez da fera, caça
A sua própria espécie que se encontra encurralada

Desgraça muita e porrada na lata,
Sem terra, enterras na merda
E deixas quem berra na miséria, sede e fome
Bicho mau, bicho mau, bicho homem
Bicho mau, bicho mau, bicho homem

Talvez por dinheiro um dia até explodirias
O mundo inteiro e eu queria ser teu travesseiro
Quando se vês apenas como mais um a chorar

Sempre em busca do prazer do ouro
Quem te interfere perde o couro
Mas te esqueces, teu tesouro é teu coração
E todo mal que o consome
Bicho mau, bicho mau, bicho homem
Bicho mau, bicho mau, bicho homem
Máquina de deuses inventados
Pra lutar contra diabos que o carregam
Pelos quintos do maior conto de fadas

Mascarado, sedutor, endiabrado
Enganas o mais pobre coitado
Que não percebe a grande máscara em que te escondes
Bicho mau, bicho mau, bicho homem
Bicho mau, bicho mau, bicho homem

Tornando escassa nossa fauna e flora
E tudo o mais que tu exploras
Como uma cobra que devora o próprio rabo
Estás em busca do teu fim

Eu digo tudo isso por mim
Pressinto um futuro em que não haverá
Nem sombra de lembranças do teu nome
Bicho mau, bicho mau, bicho homem
Bicho mau, bicho mau, bicho homem


Um comentário:

  1. Porque será que nascem os Seres desHumanos...
    Que merda toda é essa que vemos...
    E nunca achamos que podemos mudar...

    Beijos, Dindo

    ResponderExcluir