Poeta: sujeito que costuma comparecer aos próprios desencontros.

Manoel de Barros


domingo, 27 de maio de 2012

A resposta


Eram muitos reunidos, olhando o céu em busca de resposta. Mas a resposta morava nos pés, no cheiro de chão, nas coisas pequenas e nos pingos de chuva. Jamais foi encontrada.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Linha e Agulha


Sentir saudade imensa de quem já nem lembra de você não é burrice, não é doença, não é baixa autoestima. É morte cinza e sem graça. A sua morte enquanto pessoa. Por esperar a volta de um afeto que nunca existiu. Por amar mais alguém do que a você mesmo. Por se deixar morrer pela falta. Não é o outro que o desconsidera e o ignora. Não é o outro um mau caráter. Não foi o outro que o esqueceu. Foi você. Que ainda insiste em se colocar em segundo plano e esperar o que já não é. Que ainda insiste em fazer da saudade o álibi de sua dor. Pense além da sua espera. Pare de olhar seu próprio umbigo. Faça as pazes com o espelho e siga adiante. Porque o mundo não para pra lhe dar colo enquanto você chora de pena de si... A vida oferece, no máximo, linha e agulha. E cabe a você, somente a você, costurar suas próprias feridas.




segunda-feira, 21 de maio de 2012

The fugitive



To escape, he used to avoid his mirror, the others voice, and speak loud in another language. Changing yes by noes, to be understood by few or just by himself. But he published his speeches in outdoors. Then everybody that was passing by, could know there was a closed talk they weren't invited to. So public and so closed... Smart fugitive! It's really easier talk by outdoors when you are afraid of the answer of another look.


domingo, 20 de maio de 2012

Aos caminhantes




Aos que passaram pela minha vida, caminhantes - os mortos, os vivos, e os morto-vivos - obrigada. Pelo que trouxeram de longe. Por tudo de mim que ousaram levar consigo. Pelo que ficou. Aos que se fizeram presença, lembrança e ausência. A vida pulsa em movimento. De chegadas e partidas. Ficar pra sempre é uma mentira. Porque "para sempre" é flor morta de espera e repouso. A essência mora no caminho, pois que muda a cada paisagem nova. E o caminho só existe quando pés se fazem passos. Aos caminhantes, meu respeito, minha saudade e minha gratidão. 





sexta-feira, 18 de maio de 2012

Jogo de dados



Jogo dados com o infinito.
Nem ele ganha, nem eu.
O tempo parou o giro do mundo
No quando
No quanto
No quase.


sábado, 12 de maio de 2012

Quase



Seguiu andando com um espinho transparente enfiado no dedo.
Pequeno, quase não se via.
Quase não incomodava. 
Quase não doía. 
Quase...
Era só não tocar.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Dia de Faxina




Era dia de faxina.
Pegou vassoura, balde e rodo,
Desinfetante, detergente e paciência.
Rasgou a pele do seu peito
E começou a varrer.
Era dia de faxina
Dentro.